Uma grande concentração de fiéis no centro histórico de São João del-Rei marcou a Peregrinação Jubilar Diocesana, realizada no último sábado, 21. Bispo, padres e leigos, todos reunidos para um passo importante no caminho sinodal da Igreja, na vivência do Ano Santo da Esperança.
O evento teve início na parte da tarde com procissões simultâneas de quatro pontos diferentes da cidade, em um momento celebrativo com as imagens do Bom Jesus. Em caminhada de fé, representante das 44 Paróquias se concentraram em frente a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, junto com imagens devocionais do Cristo Crucificado, com títulos populares na região: Bonfim, Lenheiro, do Monte e Matosinhos. O momento de acolhida foi conduzido pelos Padre José Bittar e Marcos Alexandre Pereira, envolvendo os participantes em uma grande experiência de fé.
Em seguida, os fiéis se dirigiram para a escadaria da Igreja de Nossa Senhora das Mercês. Do alto, o bispo diocesano presidiu a Missa Campal, juntamente com os demais sacerdotes, membros do claro diocesano.
O Jubileu de 2025, também conhecido como Ano Santo, é um período de graça e perdão na Igreja Católica, celebrado a cada 25 anos. Em São João del Rei, a peregrinação convidou os fiéis a uma jornada de esperança e renovação espiritual, proporcionando a busca por uma maior comunhão com Deus, pelo perdão e a reconciliação, através dos sacramentos da Penitência e Eucaristia, renovando a fé e a esperança em Cristo, além de fortalecer os laços com a comunidade eclesial.
“Peregrinos de Esperança é a expressão que nos define neste grande dia. Somos Peregrinos de Esperança. Aqui viemos, até este monte de aprazível beleza, para celebrar nossa fé e para reavivar em nós a chama da Esperança. Aqui estamos congregados como Igreja Particular, expressão palpável da Igreja do Senhor. Unidos estamos: Bispo, sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e leigas. É com imensa alegria e gratidão que hoje nos reunimos como Igreja diocesana para celebrar este tempo de graça: o Jubileu de 2025, sob o belo e profundo lema ‘Peregrinos de Esperança’. Peregrinando, chegamos até aqui e subimos a montanha de Deus”, pontua o Bispo Diocesano, Dom José Eudes Campos do Nascimento.
Em frente as diversas retratações do Cristo Crucificado, Dom José Eudes reforçou o grande amor de Jesus por cada pessoa, justificando, ainda mais, o testemunho individual da fé. “Nossa Peregrinação foi conduzida pelas imagens de Jesus Crucificado que a piedade popular de nossa região conhece a partir do adjetivo “bom”. Bom Jesus de Matosinhos, Bom Jesus do Monte, Bom Jesus do Bonfim, Bom Jesus do Lenheiro. O que nos trouxe até aqui foi a bondade de Jesus. Ele é Bom. Nele está todo bem. Sua bondade é de sempre e perdura para sempre. Confiando nossa Diocese ao Bom Jesus queremos que sua bondade nos envolva para que possamos ser bons uns para com os outros e testemunhar o amor infinito de Deus e proclamar – com júbilo e Jubileu – que “a Esperança não decepciona”.
Os peregrinos que participaram do evento puderam, ainda, receber indulgências plenárias, desde que cumprissem as condições indicadas pela doutrina católica, como confissão, comunhão e orações pelas intenções do Papa. O desejo do saudoso Papa Francisco era incentivar ações práticas do Evangelho, trazendo Deus para o centro da vida de todos os cristãos, fortalecendo a fé como peregrinos para serem, cada vez mais, uma Igreja em saída. Segundo Francisco, fazer as orações, buscar o sacramento da Reconciliação e querer se encontrar mais com Deus é um caminho de esperança.
“Foi uma importante proposta de nossa diocese que tivéssemos um dia para celebrar este ano Santo, aqui na sede da nossa igreja particular. Nós sabemos que o Ano Santo está sendo celebrado durante o ano todo. Na abertura, nós tivemos uma pequena representação dos padres e alguns representantes da forania. Desde o início, a ideia era que, pelo menos em um dia do ano, nos concentrássemos para celebrar com todo clero e o maior número de fiéis este Ano de Esperança, para que os fiéis tivessem a possibilidade de demonstrar a comunhão do ser igreja, de peregrinar, uma das dimensões essenciais para vivência do Ano Santo, além de lucrar a indulgência, porque nós bem sabemos que nesta paróquia da Catedral, sobretudo na igreja do Rosário, é uma igreja jubilar, de acolhida dos fiéis peregrinos, e também uma oportunidade que temos de ouvir o nosso pastor, que nos confirmou na fé, reforçou a importância de guardarmos a esperança em nosso coração e, acima de tudo, renovou nosso espírito de ser igreja”, explicou o Coordenador Diocesano de Pastoral, Padre Jorge Wilson Fonseca.
O momento foi marcado por orações, cânticos e reflexões voltadas à fé, à unidade e à renovação espiritual. Para quem se fez peregrino, uma experiência de grande emoção. “Foi um momento de muita fé, devoção, que reuniu pessoas de vários cantos. Foi um dia de muita bênção”, pontuou Juliana Soares.
Devoção ao Bom Jesus
A imagem do Cristo flagelado, coroado de espinhos, preso em uma cruz, as vezes retratado já morto ou durante seus momentos de agonia. A forte devoção ao Bom Jesus possui suas raízes em Portugal, de onde foi levada aos países de colonização portuguesa, como Brasil. Sob essa invocação, venera-se a imagem de Jesus Cristo, em diferentes episódios de sua Paixão.
“A contemplação da bela imagem do Senhor Bom Jesus infunde na nossa alma a serenidade e uma ilimitada confiança na bondade infinita de Deus”, pontua o Vigário Geral da Diocese, Monsenhor Geraldo Magela da Silva.
Os primeiros vestígios do culto ao nosso Senhor Bom Jesus, no Brasil, remonta o século XVII, se organizando junto com os primeiros lugarejos que se tornaram cidades importantes. Em São João del-Rei, títulos como Matosinhos, Bonfim, do Monte e Lenheiro nutriram devoções e auxiliaram no crescimento da região.
Lucas Silveira